AUSÊNCIA DE XEROX GERA RECLAMAÇÕES ENTRE ESTUDANTES DA UFCA

Após dois anos de ensino remoto e com retorno das aulas presenciais, alunos não têm acesso ao serviço

Com a volta das aulas presenciais em 2022, os estudantes campus Juazeiro do Norte da Universidade Federal do Cariri (UFCA) perceberam que a oferta do serviço de xerox na instituição está indisponível. Fatores como a dificuldade para encontrar PDFs de determinados materiais e a insuficiência de livros para todos os alunos na biblioteca, revelam a necessidade deste serviço para o ambiente universitário.

A procura pelo material impresso sofreu certa defasagem durante a pandemia com a implementação do Ensino a Distância (EAD), levando a uma intensa utilização de conteúdos em formato PDF. Com o retorno ao ensino presencial, os alunos sentiram a falta da impressão para a leitura no dia a dia. Essa ausência vem influenciando a rotina dos universitários que precisam buscar outros lugares para a impressão do material didático. Em vista dessa necessidade, um grupo de alunos que integram a organização não governamental (ONG) Enactus, resolveu se organizar para atender a demanda dos demais estudantes.

Eduardo Leite, aluno do curso de biblioteconomia e presidente da Enactus UFCA, explica que por ser uma rede global de empreendedores, líderes e estudantes, a ONG em suas raízes trabalha e promove o empreendedorismo. O jovem ressalta que a demanda dos alunos foi crucial para a abertura desse serviço pela organização, mas que não foi o único motivo. “Abrimos especificamente agora como forma de tentar custear parte da nossa viagem e estadia para um evento nacional que vai acontecer em julho. Percebemos que a universidade estava com essa carência e as empresas responsáveis por esse serviço não estavam conseguindo se manter. Como temos outros meios de arrecadação como campeonatos, investimentos e financiamentos, tínhamos essa impressora parada, então tivemos a ideia de realizar esse serviço que é tão necessário de uma forma acessível para os nossos colegas”, explica.

Apesar das boas intenções, a iniciativa enfrenta dificuldades para atender a demanda dos alunos. "Devido aos horários apertados e aos poucos membros participantes, acabamos não conseguindo atender a demanda pelos recorrentes contratempos”, destaca Eduardo.

De acordo com Marcelo Bezerra, diretor da Diretoria de Logística e Apoio Administrativo (DLA), responsável pela concessão e exploração do setor gráfico, essa não é a primeira vez que o serviço de xerox é interrompido na instituição. A última empresa a oferecer o serviço encerrou as atividades ainda em 2019, após abandonar o contrato devido à inadimplência no pagamento das mensalidades do aluguel.

Marcelo acredita que a pouca lucratividade e a baixa condição financeira das empresas concorrentes são um dos empecilhos que dificultam a permanência do serviço de xerox na universidade. "Geralmente a procura pelo edital acontece por pequenas empresas que, mesmo tendo vontade, na maioria das vezes não possuem condições financeiras para atender as condições da concessão. O empresário inaugura o mês já sabendo que vai ter uma despesa de quase R$ 5 mil e que, na maioria das vezes, não vai conseguir lucrar com a atividade, e isso fica mais evidente no período das férias”, pontua Marcelo.

Dentre as condições para a concessão do espaço, Marcelo destaca a obrigatoriedade da contratação formal de no mínimo dois funcionários para o atendimento integral da comunidade acadêmica, tendo em vista que o campus funciona durante os três períodos: manhã, tarde e noite.

Com relação ao ano de 2022, até o momento nenhum edital foi publicado para a concessão do serviço de xerox na universidade. “Ficamos receosos quanto à incerteza da retomada do ensino na modalidade presencial. Temíamos uma regressão ao EAD devido a um eventual aumento de casos de Covid-19. Vencemos o mês de março e, em abril, retornamos com a pauta da xerox", esclarece Marcelo. No entanto, ele deixa claro que a DLA está dialogando com outras frentes universitárias para tomar a melhor decisão que solucione o problema. “Atualmente, estamos em diálogo com outras frentes da universidade, como o Diretório Central dos Estudantes (DCE), para analisarmos possíveis alternativas que resolvam o problema da xerox na universidade. Acredito que até a primeira quinzena de junho, tenhamos uma decisão formalizada”, finaliza.

A preferência dos estudantes

As preferências pessoais dos estudantes também devem ser levadas em consideração, alguns alunos como Maria Eduarda, do 2º semestre de Ciências Contábeis, preferem utilizar material impresso para realizar as atividades acadêmicas. “Consigo me concentrar melhor, não me disperso como acontece quando estou no celular. Mas sem uma empresa responsável pela xerox no campus que já é tão isolado, e o custo que é para fazer impressão em algumas gráficas só aumenta a dificuldade em ter acesso a esse material”. Eduarda ainda acredita que é inegável a importância do serviço. “Eu acho que é importante ter uma xerox na universidade, porque temos muita demanda, precisamos fazer cópias constantemente para estudar para as provas e trabalhos”, enfatiza.

Para Fernanda Soares, também estudante de Ciências Contábeis, é essencial que uma empresa oferte o serviço. “Eu acredito que é muito ruim não ter uma empresa que não nos auxilie nessa questão das impressões, até porque tem muita gente que trabalha e que infelizmente não tem impressora em casa e não pode se ausentar do trabalho para fazer as xerox dos assuntos da faculdade. Além disso, é muito ruim para alguns alunos não ter essas impressões para estudar. Por isso, a volta da xerox é tão importante para a comunidade acadêmica”, reforça.

Confira o relato de outros estudantes: